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Dos nossos personagens

  • Foto do escritor: jpp
    jpp
  • 16 de jul. de 2018
  • 2 min de leitura

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Desde muito cedo andamos a ser levados num sistema profundamente inspirado em linhas de montagem, e numa ótica taylorista, só que agora, em pleno Sec XXI, uma organização científica do trabalho, associada a uma outra que é a do comportamento humano.


Bem sei que uma das primeiras cosas que se ensina às crianças é a mentir, está bem, a dizer as verdades suportáveis, retirando-lhes a possibilidade de serem tão sinceras e clarividentes, quanto o são na realidade, dizendo que têm de deixar de o ser, para que assim consigam organizar-se socialmente, depois temos de começar a ensinar os "bons modos" na vida escolar e profissional.


A tudo que fazes e a forma como o fazes, haverá sempre alguém que atribuirá um sentido que sem sentido ao que fazes, acaba por ter sentido porque te transporta para uma categorização que foi criada e é estimulada, por grupos de interesses.


Já sabes, não podes rir como sabes e gostas. Se queres "ficar bem na fotografia", tens de condicionar o teu riso/sorriso, e no limite, deixares que ele seja o espelho do que te vai na alma. O mesmo acontece na forma como falas com o corpo e muita importância nas mão e posições dos pés.


É isso, somos, ou querem fazer de nós, uns autômatos sem lugar para que possamos de forma livre viver a nossa sensibilidade e as nossas emoções.


George Orwell falava de um Big Brother, alguém controlador e cujo objetivo ultimo era o de controlar pensamentos. Nesse mesmo ensaio, assustadoramente real no nosso século, ele defende o "inconseguimento" de tal processo, no entanto, e com toda esta doentia estandardização do comportamento humano e da forma como devemos ser escondendo o que somos, parece-me que estamos muito perto da ultima fase do livro 1994.


OIhas para algumas pessoas e vês sempre o mesmo sorriso, independentemente do contexto onde estão, vês nelas sempre a mesma forma roborizada de comunicarem de forma não verbal, assiste sempre ao mesmo tipo de discurso, apoiado insistentemente pelas mesmas muletas comunicacionais, e mais assustador, constatas que são as pessoas que andam a ser opinion mares sobre formas eficazes de comunicar.



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Deturpam-se conceitos, abusa-se da palavra paixão associada àquilo que se faz, tornam-se, tal The Wall, um conjunto de pessoas, numa amalgama de gentes iguais, colocas pessoas, saem-te salsichas, e continuamos sem gritar, e nem por dentro nos questionamos.


Aceitamos estar acorrentados a estes fundamentalismos que nos dizem que se falas e coças a orelha, então...., mas afinal tinhas somente comichão, porque até foste picado por um mosquito.


Depois chegam uns, denominados de Coach, que te passam a ideia de poderes ser o

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que és, e o que vês do que fazem e dizem, felizmente não são todos, é mais uma receita que deves seguir, igual àquelas de perder peso, sim, aquele que nunca perdes, ou se perdes, depois ganhas em dobro. No meio de tudo isto, continuas acorrentado e ao mínimo movimento para dizeres o que realmente sentes, apertam-se-te mais as correntes.



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A coisa até parece simples, se a nossa vida é a navegar, se mesmo podendo os barcos ser feitos de madeira, mas com a fantástica capacidade para se fazerem ao mar das nossas vidas, porquê deixá-lo em doca seca e criar raizes, as mesmas que nos fazem ficar em algo que construimos para ir?



JPP, 2018



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