Amontoamento de ideias, num contexto onde nenhuma faz sentido.
- JPP
- 22 de jan. de 2019
- 2 min de leitura

Preambulo
Texto original escrito a 26 de Janeiro de 2017, onde a certeza era maior que qualquer incerteza, e nem sei se a expetativa chegava para ultrapassar a racionalidade, mas eu era somente mais um no meio de muitos.
Um sentimento de desconforto, vazio e calma inquietude, é o que hoje identifico como sendo o que na altura senti. Estava onde tinha de estar, mas onde me apetecia menos estar, mesmo que soubesse que aquele era o único local para aquela altura.
Hoje, dois anos depois, o mesmo sentimento, e por isso a aceitação dos sentimentos da altura, mas longe de ser capaz de recordar sem que a dor e o sofrimento não estejam presentes.
—-Texto original—
Ontem estive numa unidade hospitalar entre as 14 horas e as 2:30 da madrugada de hoje.
Deixo-vos alguns pensamentos soltos, onde nem todos traduzem o que efectivamente penso, mas o que se podia observar.
Ouvir as histórias, sentir o pulsar de cada um/a, é algo inigualável.
(1)
Frenesim do telemóvel para dizer nada e dar algumas indicações mundanas . Frase Muito utilizada “estou a ficar sem bateria” (deve ser a bateria do telemóvel e a pessoal)
(2)
Gestão de (des)informações
(3)
Alguém na sala de espera diz “ai que estou com falta de ar, vou ter de ir ao hospital”
(4)
Pelos nomes escritos nas ambulâncias, uma urgência é um local de todos os locais
(5)
Da Fragilidade do corpo no seu todo
(6)
O local onde o saco de plástico transparente é sinônimo de…
(7)
A derradeira viagem ao intimo das emoções e dos (não)planos de vida. O local de imensos tempos
(8)
E este é o local onde se faz de tudo
(9)
Se pretendermos saber coisas sobre as pessoas, é aqui
(10)
Pelo aspecto era Octagenária, e não sei se andar de helicóptero estaria nos seus planos ou se até mesmo não teria medo de voar
(11)
A situação é emergente com urgência de chegar às “urgências”
(12)
Chega-se, procura-se, não se sabe o quê.
(13)
Em cada ambulância uma história que durante pouco tempo dilui a historia individual
(14)
São as histórias de uma vida no sentido limite
(15)
A primeira viagem de helicóptero que ninguém quer fazer
(16)
O poder das noticias nunca apaziguadoras
(17)
Uma sala de espera, o perturbador intervalo onde só vale o imaginário
(18)
A confusão entre a insistência de contactos e a maior ansiedade.
(19)
Uma sala de espera, um mundo de confusões e de falsas ideias.
(20)
Todos estamos mais preocupados que os outros, porque o nosso motivo somos nós que o sentimos
(21)
Cada vez é pior que a anterior
(22)
O adeus que nunca se diz
(23)
Gestos humanos e gestos mecânicos, os beijos de Judas
(24)
Epifanias e urgências hospitalares, registam-se as presenças mas jamais se esquecem as ausências.
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