Não faça férias de si
- JPP
- 23 de jun. de 2022
- 1 min de leitura

Tradicionalmente, os meses de Junho, a Setembro, são alturas em que muitos, de uma forma ou de outra aproveitam para descomprimir em relação ao seu trabalho, às suas tarefas do dia a dia, àquilo que os vai mantendo num ocúpacionismo muitas vezes inacreditável e com consequências insustentáveis.
Vão de "sillySeason" e quase parece que tentam desligar o que não é desligável, separar o que não é separável. Como consequência muito pouco aproveitam deste período para o significante real das férias, o poder encontrar disponibilidade para que cada um se pense em sí.
Sabemos do grau de dificuldade do que se pede quando se fala "pensar em si", pensar no que somos, no que queríamos ser, no que nos tornámos e no que nos vemos no futuro, mas o que é certo é que sem este período a procrastinação de nós, das nossas realizações e as defesas imensas às nossas epifanias, seja por medo ou porque achamos que tudo é assim porque tem de ser assim, em nada ajudará este momento facilitado da introspecção.
É certo que podemos sempre optar por viver um ilusão diferente, aquela dos corpos dourados pelo sol, das esplanadas, do idílico pensamento de que tudo se resolverá, esquecendo que o bronzeado vai desaparecer, o idealismo dos espaços e tempos vai-se esvanecer, e nós vamos continuar aqui.
Aproveitem lá esses contextos fantásticos, tirem férias, mas não tirem férias de vós, que este seja o verdadeiro período transformador e quiçá de descoberta de algo que efetivamente permita a satisfação do desejo.
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