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Autossabotagem

  • Foto do escritor: JPP
    JPP
  • 6 de mar. de 2021
  • 2 min de leitura

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George Orwell, na sua obra 1984, referia-se a uma espécie de proteção especial do nosso pensamento, ao qual eu incluo a nossa imaginação.


Longe estaríamos de pensar que volvidos todos estes anos, e numa situação complexa, iríamos viver, sentir e sermos chamados a atual, perante circunstâncias que por colocarem barreiras ao conseguirmos olhar em frente e sermos capazes de nos construirmos num futuro.


Em muitos casos, essa especial proteção ao pensamento e à nossa imaginação, estaria tão prisioneira deixando somente espaço para o comum pandémico que nos coloca, onde afinal, e eventualmente, sempre estivemos, num pensamento globalista, mas que antes estava eventualmente menos evidente.


Acabamos rodeados e instintivamente a deixarmo-nos rodear por todas as circunstâncias que nos apanham nesta tentativa de proteger a nossa vida e em muitas situações contrapondo a física à mental. Antes fugíamos para pensar, hoje fugimos para não o fazer, ou pelo menos, para nos sentirmos mais recompensados individualmente quando para sermos nós, nos encontramos no comportamento de transgressão.


Um ano após o inicio desta pandemia, a questão que se me coloca é se realmente não fizemos a troca entre uma e outra, entre a Pandemia do pensamento coletivo e desesperada aprovação entre pares, para uma outra onde o medo face à nossa integridade física assume ainda mais preponderância e nos leva a fugir de tudo e todos, incluindo de nós.


As forças pandémicas que vamos encontrando ao longo da nossa vida, com maior ou menor desespero, fazem-nos sempre pensar e refugiar num pensar o futuro que enchemos de presente desejado, mas que agora nem de passado o podemos preencher. É a luta do sonho, do projeto, do ser, e que nos coloca num não ser e vazio.


Talvez seja em todo este processo que nos andamos a tentar superar, que possamos vir a (re)encontrar tudo o que queremos, queríamos, mas também os fantasmas que persistentemente fomos tentando deixar para trás.


Será autosabotagem, ou será somente a tentativa de continuar e criar condições para nos realizarmos?


Não, não temos data para o abraço, para o beijo, para estar com sem ser de forma virtual, aquela(s) coisa(s) tão essencial(ais) que faziam de nós o que somos.


 
 
 

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