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Confrontos ...

  • Foto do escritor: JPP
    JPP
  • 16 de abr. de 2022
  • 2 min de leitura

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No nosso T1 da existência, que frequentemente dividimos para supostamente organizar, todos nós temos a nossa janela para a vida e a varanda para a morte, todos estamos num permanente confronto entre o que conseguimos pensar que é a vida e o vazio da morte que se nos depara sem que consigamos, para alem das representações culturais, criar imagens mais nítidas.


Olhando bem, a nossa vida é uma sucessão de confrontos, de criação de estratégias que vamos desenvolvendo e que nos possibilitem ir negociando o que vamos achando que podemos e devemos fazer. Más ou boas escolhas, só quando nos detemos a olhar para trás e avaliar onde elas acabaram por nos levar, onde acabamos por chegar como consequência das opções nos confrontos.


Em cada circunstância, seja ela de perda, de pessoas, circunstâncias ou coisas, seja de ganho pela opção de ir em determinado caminho, nem tudo, àpriori é prazeroso, lidar com o incómodo faz parte, até porque ao escolhermos optamos sempre por algo em detrimento de outro qualquer. Certo é que em qualquer circunstância há o belo, o(s) motivo(s) que nos unem a cada circunstância.


O luto que fazemos sobre tudo o que perdemos, parece ser mais um sentimento do próprio por si em relação à perda, do que um sentimento associado diretamente ao que se perdeu, é, enfim, um ato de profundo egocentrismo, provocado pelo imenso incómodo de termos de nos pensar com um vazio e sobre ele, até determinado momento, não conseguirmos estar protegidos pelas memórias que até determinada altura se vêem impedidas de se manifestar.


Os nossos passados, com tudo o que neles está associado, as nossas escolhas e estórias, trazem consigo a incapacidade de podermos ser estranhos outra vez. Nada apaga a marca profunda de tudo o que nos aconteceu e que no limite nos fez o que somos. Podemos até querer dar mais ou menos importância a determinados momentos, pessoas ou coisas, mas o real impacto está bem longe daquilo que controlamos.


Feitos de tudo no nada, de antíteses, de hipérboles, parábolas e outras figuras de estilo, é a nossa humanidade, que de dentro do confuso se organiza, nos leva ao outro e muito importante a nos.


 
 
 

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