E tens medo de quê?
- JPP
- 10 de jun. de 2018
- 2 min de leitura

Ao confronto com a vicissitudes da vida, daquelas situações em que te são colocados desafios que te retiram do conforto do adquirido, te colocam em situações em que tens de lidar com o novo, muitas vezes já velho para ti, mas somente pelos olhos com que olhavas e olhas o mundo dos outros, achando que tais circunstâncias ou situações, dificilmente fariam parte da tua realidade.
Tens medo da incerteza, daquela introdução a novos paradigmas onde lidares com o teu vazio, é o bloqueio à efetiva realidade, e ao fato de a incerteza ser a maior potencializadora da imaginação, do caminho para o fantástico. Tens medo de não ter medo, até porque para o sentires estás obrigado a conhecer, tens medo de não saber como podes substituir esta palavra e estares a usá-la num contexto em que a não consegues aplicar.
Direcionas o medo para o medo em sí, tens medo do medo, entras num ciclo que te não permite nem olhar, nem ver, nem ouvir, nem escutar, sem saberes de quê, sem saberes porquê, mas tens simplesmente medo, e contra ele achas que lutas com a obrigação de seres, sem no entanto te seres.
Achas que é medo o sentires-te paralisado, o olhares e não conseguires ver em perspetiva, mas eventualmente isso não é medo, há uma forte possibilidade de tudo isso ser exatamente uma consequência da ausência de capacidade de sentir medo.
O medo é estruturante, é sinónimo de capacidade de perspetivar, de te organizares face a algo, o medo é o companheiro da incerteza, da reinvenção, do querer ir e fazer.
Ma afinal, tens medo de quê?
Do escuro, porque a tua imaginação é maior que o teu controlo?
Do salto em frente porque te não sentes suficientemente competente para o fazer?
Do desafio, porque te coloca numa situação do "passo de fé"?
Diria eu, mas claro que sou eu que digo, deverias ter medo de não ter medo, e de poderes estar a confundir o que é sem ser...
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