O que permitiu a pandemia...
- JPP
- 7 de fev. de 2021
- 3 min de leitura

Partindo, tal como a maioria, de uma queda num vazio que mudava toda uma organização de vida, que me levou a cancelar TODOS os projetos profissionais que havia delineado em 2019 para o ano de 2020, e depois de 2020 para 2019, a pandemia foi e é um momento de profunda aprendizagem e auto-desenvolvimento.
Desde o momento em que nos vimos maioritariamente confinados a um espaço que mudava literalmente a forma como estava na nossa vida, a nossa casa, deixando de ser só um ambiente de conforto, segurança, proteção e descanso daquilo que então apresentávamos como o nosso dia a dia, passou a ser o centro de toda a nossa vida, ou no mínimo uma prisão para o cumprimento das normas sanitárias.
Obrigados a repensar uma globalidade de formas de ser e estar, acentuou-se a diferença imensa, já anteriormente existente, entre os afortunados, aqueles que até tinham um espaço para se confinar, e os que o seu espaço de confinamento continuou a ser o de desconfinamento de outros,
Emergiram imensas coisas diferentes, aproximações de forma diferente entre as pessoas, onde por exemplo, e no meu caso, o procurar pessoas que já não via vai para muito tempo e deliciar-me às 6ªs feiras em sessões ao vivo no Facebook, onde sempre tento encontrar uma mistura entre a vaidade, convidando pessoas que passaram pela minha vida no seu momento de formação, e sobre as quais sou imensamente orgulhoso do trajeto que conseguiram, e amigos que por um motivo ou outro a vida não nos foi proporcionando um maior contacto.
Não sei em absoluto se realmente nos reinventámos, ou se tão somente agarrámos no que fazíamos antes e o colocámos noutro patamar. Sei que verificámos e fomos confrontados com a relatividade de muitas coisas que achávamos serem imprescindíveis, e olhámos o mundo de uma forma algo diferente.
Possibilitaram-nos aproximações e ao mesmo tempo afastamentos, mas este últimos, e desde que existisse vontade, só mesmo físico. Fomos brindados com a maior oportunidade da nossa vida em nos repensarmos, com o imenso risco de termos gostado mais ou menos com o que acabámos de descobrir. Demos sentido ao pensamento que nos diz que a experiência não é a nossa história, mas o que com ela fazemos, e que noas torna mais ou menos hábeis para evoluir.
Foi e é, eventualmente talvez continue a ser, o grande momento das nossas vidas para colocarmos as coisas em perspetiva. Caso pensem que isto vai voltar ao normal, lastimo dizer, mas acho que não aprenderam nada, se por outro lado pensam que vão ter de AGARRAR esta oportunidade, e das suas provações retirarem motivos e motivações para construirem novos Eus, então há uma forte probabilidade de saírem mais fortes, até porque aquilo que conseguimos contatar é que há uma forte possibilidade de nada voltar a ser como antes, podia até ser um dos maiores crimes contra a humanidade, fazermos tábua rasa de toda esta diferente forma que nos é aproveitada.
Honremos a memória de tod@s, mas mesmo tod@s, e vamos, tal como diz Pedro Abrunhosa, "Fazer o que ainda não foi feito", e nesta ótica desenvolver esta consciência da absurdamente profunda ligação que temos com o que afinal é acessório, e frequentemente relegamos para uma posição menos preponderante o realmente importante, O sermos uns para os outros, e não desenvolvermos os discursos sectaristas e inqualificáveis que temos visto terem vindo a ser alimentados.
O desafio está ai, o aproveitar é da consciência de cada um, o assumir a responsabilidade pela escolha também. Por mim, vou continuar com esta vaidade do meu passado e olhar de forma diferente para o meu futuro.
E tu, o que vais fazer?
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