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Obrigado 2020

  • Foto do escritor: JPP
    JPP
  • 7 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 17 de nov. de 2020


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Serei incapaz, mesmo noutras alturas já o fui, de não olhar para trás e agora que tu começas a ficar velhinho e a chegar ao fim da tua vida que será daqui a umas semanas, não te dizer que mesmo com tudo o que aconteceu, foste um bom ano.


Bem sei que irei em contraciclo daquilo que alguns dizem, bem sei que nos lançaste imensos desafios em forma de algo que era completamente desconhecido para nós, enaltecendo a nossa incapacidade humana e trazendo-nos para pormos os pés na terra, constatando que bastam “pequenos” acontecimentos e algumas distrações para que tudo o que havíamos assumido como garantido seja posto em causa e nos leve a redefinir toda a nossa vida e vivência.


Também talvez por isso, e porque foste um desafio imenso, um criador de oportunidades profundas de desenvolvimento humano, um “despertador” para tudo o que eventualmente poderíamos relativizar, e mesmo para o que não podendo relativizar fomos impelidos a redesenhar, ficarás sempre com o direito a marcar uma antes e um depois. Bem sei que por tudo o que se passou, não deves querer confusões, e por isso AC /DC (antes do coronavirus / depois do corona virus), não me parece adequado, mas eventualmente AP/DP (antes da pandemia / depois da pandemia) possa ser uma forma que te coloca como marco de mudança único e sem possibilidade de confusão com outro qualquer.


Sim, depois de tudo o que nós vivemos juntos, depois de tudo o que fomos obrigados a recriar e a maneira como nos tivemos de encarar nas nossas mais profundas exigências tratadas como fundamentais, mas que afinal não o eram, tornaste necessário criar um marco de diferença.


Permitiste que os diferentes tipos de pessoas, os que só gostam de falar mal e criticar, os que gostam de falar, os que até têm ideias e os que têm de decidir, se confrontassem com uma questão de profundidade do que é não saber nada, lutar contra um vazio e estar permanentemente com a sensação de tubo de ensaio e motivo de experiência. Fomos colocados na posição de ratos de laboratório, aceitámos o que seria eventualmente impensável num pais ocidental, estarmos disponíveis para minimizar a importância da nossa liberdade, mas ao mesmo tempo o confronto com a dificuldade de com ela lidarmos, tendo em consideração o outro. Não, não é novidade nenhuma, mas foi uma construtiva constatação da eventual falta de lucidez de alguns e pouca de outros.


Bem sei que estás ocupado em nos desafiar, e qua inda terás muito para fazer, por isso mesmo não vou alongar-me mais, limitando-me a referir que em ultima instância a tua ação foi a de nos fazer realmente utilizar e viver tudo o que já havíamos construído, e desafiar para nos reinventarmos. Quem o conseguir fazer, sairá bem mais resiliente, quem o não conseguir, sairá muito mais resistente, mas até nesta questão, tu só provocaste a ação.


Por tudo, obrigado, talvez estivéssemos a necessitar de um ano assim.


Com os melhores cumprimentos


João Paulo Pereira

 
 
 

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